A literatura e os Direitos Humanos perderam hoje dois importantes nomes: o escritor uruguaio Eduardo Galeano e o escritor e artista plástico alemão Günter Grass, nobel de literatura.
O escritor uruguaio Eduardo Galeano, autor de "As Veias Abertas da América Latina", morreu nesta 2a feira, 13/04, em Montevidéu. A informação foi confirmada pela editora do autor ao jornal El País. Segundo o jornal, Galeano estava hospitalizado desde o dia 10, em decorrência de um câncer no pulmão.
Autor de mais de quarenta livros, que transcendem gêneros ortodoxos, combinando ficção, jornalismo, análise política e História, Galeano foi uma das refências mais importantes da esquerda latino-americana. Publicou, em 1971, sua obra mais clássica, "As Veias Abertas da América Latina". Nele, Galeano analisa a história da América Latina desde o período da colonização europeia até a Idade Contemporânea, argumentando contra a exploração econômica e a dominação política do continente, primeiramente pelos europeus e seus descendentes e, mais tarde, pelos Estados Unidos.
Mais de quarenta anos depois, o escritor revelou que não leria novamente seu livro de maior sucesso. "Eu não seria capaz de ler de novo. Cairia desmaiado", disse, durante a 2ª Bienal do Livro de Brasília, realizada entre 11 e 21 de abril na Capital Federal, como noticiaram os jornalistas que fizeram a cobertura do evento. "Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é chatíssima. Meu físico não aguentaria."
Seu último livro, "Os Filhos dos Dias" (L&PM, 2012, 432 páginas) se inspira na sabedoria maia e traz 366 relatos que compõem a história, desde a Antiguidade até o presente. É baseado em uma versão do Gênesis que Galeano escutou em uma comunidade maia da Guatemala. “Se somos filhos dos dias, nada tem de estranho que cada dia tenha uma história para oferecer”. Assim, o livro, escrito em forma de calendário, traz episódios que ocorreram no México de 1585, no Brasil de 1808, na Alemanha de 1933 e em outras épocas e países.
Esses dois livros, "As Veias Abertas da América Latina" e "Os Filhos dos Dias" estão à venda na Cotidiano Livraria, CLS 201 Bloco C loja 15 - Brasília, DF.
Nascido em 16 de outubro de 1927, na cidade de Danzig, hoje conhecida como Gdansk, Günter Grass alternava literatura com escultura e artes gráficas e era conhecido como um dos principais representantes do "teatro do absurdo" da Alemanha. É autor dos livros "O Tambor", "A Ratazana", "Passo de caranguejo", "Meu século" e "Um campo vasto".
De ideais políticos de esquerda, participou de forma ativa da vida pública de seu país e provocou polêmica em torno de sua produção, renovou a literatura alemã do pós-guerra por meio de textos de ironia e do grotesco, especialmente satirizando a complacente atmosfera do milagre econômico da reconstrução pós-nazista. Recebeu o Nobel de Literatura de 1999.
Há alguns anos, o mundo se chocou com a declaração de Grass, no seu livro "Descascando a cebola", de caráter autobiográfico, de sua participação como membro das Waffen-SS (tropa de elite do exército do Reich). Ao ser indagado quanto à demora para a revelação, o escritor alemão disse: "Acreditava que minha obra como escritor e cidadão era suficiente.", e acrescenta que sempre sentiu vontade de escrever sobre suas experiências, mas num contexto adequado.
Grass morreu esta segunda-feira aos 87 anos. Ele estava numa clínica de Lübeck, no norte da Alemanha.A causa da morte não foi divulgada.
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